Não é de hoje que os homens se cuidam menos que as mulheres. Mesmo com a modernidade, muitos ainda resistem em ir ao médico e fazer exames preventivos anualmente. Com isso, não é de estranhar que as mulheres vivam, em média, sete anos a mais do que os homens. E acredite, estatísticas mostram que eles ficam doentes só de pensar em ir ao médico.
Esse medo não é privilégio dos brasileiros. O único país que tem uma política específica voltada para a saúde do homem é o Canadá, que ensina os garotos a se cuidarem desde cedo. “As meninas aprendem que precisam fazer exames de rotina e ir ao ginecologista a partir da primeira menstruação, com isso, quando adultas, já estão habituadas a essa rotina”, afirma a médica Fabiana Arruda, que ressalta a importância das mães nesse processo de conscientização. “Durante a gestação, somos cuidados e logo após o nascimento vem o acompanhamento pediátrico. É na puberdade, em que há o início da elevação do hormônio masculino, que os pais precisam plantar a “semente” da prevenção e autocuidado para que eles se tornem adultos mais preocupados com a própria saúde”, afirma.
O oficial de Justiça Jovenilio Francisco Soares, de 65 anos, faz o check-up anual e fica sempre atento a qualquer sintoma ou caroço diferente no corpo. Por se preocupar com a saúde e com a prevenção, conseguiu detectar um tumor na próstata logo no início. “Fiz uma raspagem e a cada seis meses vou ao urologista para saber se está tudo bem. Também procuro ter uma alimentação balanceada, faço atividade física e fico de olho na pressão e glicemia”, conta ele.
Infelizmente nem sempre as histórias têm final feliz, como do oficial de Justiça. Um paciente marcou a vida da Fabiana. Ela relata que o jovem, de cerca de 23 anos, sentiu um caroço em um dos testículos, mas não se importou. Quando procurou o médico, já era tarde demais. “No exame de ultrassom detectei que o tumor já tinha atingido os dois testículos causando impotência e esterilidade ao rapaz recém casado”, lamenta ela, que afirma que se o caso tivesse sido tratado no início, teria solução.
Preconceito
A história confirma os dados de uma pesquisa do Centro de Referência em Saúde do Homem, que concluiu que mais de 50% deles já chegam aos consultórios com doenças em estágio avançado, pois só procuram tratamento quando algum sintoma atrapalha muito a rotina. “Os homens têm um preconceito cultural de ir a um consultório. Eles associam isso a uma fraqueza, quando na verdade é um sinal de que estar atento à saúde é se preocupar também com a família. É um sinal de inteligência e força”, destaca o médico Theo Rodrigues Costa, chefe do Serviço de Urologia do Hospital Estadual Geral de Goiânia Dr. Alberto Rassi (HGG).
Pesquisas realizadas nos Estados Unidos – país onde homens também se consultam menos do que as mulheres – indicam que outro elemento está por trás dessa disparidade: o fator cultural que associa ao sexo masculino características como “bravura” e “autossuficiência”. A pesquisadora Diana Sanchez observou ainda que as mulheres além de serem mais propensas a ir ao médico também fazem mais perguntas quando estão lá.
O urologista concorda que o preconceito ainda existe e acredita que essa barreira só pode ser vencida com educação. “Precisamos começar a desmistificar esse assunto e investir em informação”, afirma.
Prevenção
A realização de check-ups pelo menos uma vez ao ano, especialmente depois dos 40 anos, deve ser uma prioridade para acompanhar e prevenir as principais doenças que afetam os homens, como hipertensão, problemas cardiovasculares e no pulmão, câncer de próstata, problemas nos rins e na bexiga, alterações hormonais, cálculos renais, além do crescimento benigno da próstata.
Autoexame testicular: A partir dos 15 anos o próprio homem pode ser autoexaminar apalpando os testículos para ter certeza de que não há alterações e crescimentos anormais dos testículos. Caso surjam caroços ou veias protuberantes deve-se procurar um urologista. Mesmo sem problemas aparentes este médico deve ser consultado a cada três anos.
Próstata: fundamental para o diagnóstico de câncer de próstata deve entrar na rotina masculina após os 40 anos. É feito pelo toque retal, onde o médico verifica o tamanho da glândula. Geralmente é acompanhado pelo PSA, exame de sangue que mede as substâncias produzidas por células da próstata, cuja elevação pode significar problemas.
Colonoscopia: para o diagnóstico de câncer no reto ou intestino grosso, entra na rotina masculina após os 50 anos. Um tubo ótico filma e analisa toda a mucosa intestinal, verificando se há alterações ou feridas.